sexta-feira, 30 de julho de 2010

Austin, a arte de fazer coisas com palavras

Austin, também da pragmática, critica as abordagens tradicionais, Sausseirianas, que enfatizavam a função referencial da linguagem. O autor chama a atenção para os aspectos ilocucionarios dos símbolos, que em determinadas performance fazem coisas com palavras. Pensemos por exemplo numa promessa, ou num casamento. Qual é o significado da frase "eu os declaro marido e mulher"?. Independentemente do valor referencial, essa expressão transforma aos participantes do ritual em conjugues para o resto da vida. O seminário, preparado por Fátima e Estevan incluiu também a apresentação de um trabalho que exemplifica a aplicação desses conceitos na antropologia.

Seminario Fatima e Estevan Austin

Pierce, a pragmática trinária

Pierce, que trabalhou com a pragmática, transformou-se num referente no diálogo entre a antropologia e a lingüística. Nesta obra ele realiza uma importante distinção entre ícone, índice e símbolo, fundamental para entender as abordagens contemporâneas sobre rituais.

Pierce, Seminario de Ariel e Nilauder

Bauman, antropologia e performance

Richard Bauman, antropólogo americano, trabalhou na área do folclore e introduziu a performance na análise da tradição oral. O autor, que tem muitos pontos de contato com Turner, serve como referente para outras abordagens performáticas na antropologia.
Segue a cópia de um dos artigos discutidos no seminário.

Bauman Performance

Antropologia da Performance

livro postumo de Turner, que inclui seus trabalhos no Brasil, sua apropriação da hermenêutica de Dilthey, assim como um interessante artigo final no qual combina os aspectos simbólicos com sua base fisiológica no cérebro.

Seminario Marcia Turner

Do Ritual ao Teatro

Nesta obra Turner atravessa a fronteira entre a etnografia e o teatro, mas especificamente o teatro experimental e a performance. A mudança para os Estados Unidos e a atmosfera psicodélica ampliaram os horizontes antropológicos do autor e a experimentação com o teatro performático aparece como uma forma de comunicação muito mais intensa que as páginas de um livro. Nesta obra o autor também explora as semelhancas e diferenças entre a fase liminal do ritual e a fase liminoide do teatro.

Seminario Claudia Turner

Drama Campo e Metáfora

Esta obra marca uma virada na obra de V. Turner. Se em tambores da aflição ele afirmou que o conceito de Drama Social era aplicado a sociedades que não experimentavam mudanças estruturais, neste livro Turner aplica o conceito a episódios históricos, e o estende para a literatura e as religiões. Segue a apresentação prepara por Marcelo sobre a aplicação do marco analítico dos dramas sociais para a revolução mexicana e particularmente para Hidalgo e a Virgem de Guadalupe como símbolo que permitiu mobilizar as populações indígenas e mestiças nessa gesta revolucionaria.

Seminario Marcelo Turner Capitulo 3

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Os tambores da Aflição

A diferença dos rituais de passagem, analisados na floresta dos símbolos, neste livro Turner analisa os rituais de cura Ndembo. O autor mostra como os símbolos mexem com as relações sociais, como as curas levam em consideração as tensões políticas no grupo e as principais linhas de tensão. Estes rituais acontecem quando alguém sente-se aflito, doente ou com problemas atribuídos a seres não-humanos, ou espíritos ancestrais. O drama social é empregado para analisar estes rituais que se iniciam com a adivinhação e concluem com o ritual de reintegração. Os símbolos mobilizam redes de relações sociais. No decorre do processo o paciente é iniciado em algum dos grupos de culto. A diferença dos rituais de iniciação, que mobilizam aos habitantes da aldeia, nestes Tambores são mobilizados iniciados de diferentes aldeias para a realização do culto. A análise simbólica incorpora algumas das considerações realizadas por Marx no "fetiche da mercadoria", mas enfatiza que os dramas sociais são adequados para analisar as sociedades sem história, aquelas onde a tradição se impõe sobre a transformação social. Esta afirmação será reformulada nos próximos trabalhos, onde aplica o conceito de drama social para eventos históricos.

Drums of Affliction
  

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Floresta dos Símbolos

Nesta obra, V. Turner discute os rituais de passagem. Os rituais atúam por méio de símbolos. Os símbolos rituais são um fator de ação social.  Os símbolos rituais são a menor unidade do ritual. As principais características dos símbolos rituais: polisêmicos, condensação de sentidos, polarização de sentidos. Os símbolos rituais tem múltiplos significados, um grande poder de síntese e operam a partir da polarização entre um pólo sensitivo e outro ideológico. O pólo sensitivo, com freqüência é grotesco, obsceno, escatológico. O pólo ideológico se relaciona com o ordenamento da sociedade. A polarização de sentidos transforma o desejável em obrigatório e o obrigatório em desejável.

A Floresta dos símbolos – Victor Turner

Outro dos capítulos do livro discute o sistema de classificação ternário, por contraste com o binarismo levistraussiano. O sistema classificatorio ternário branco-preto-vermelho, cabe destacar é o mesmo que o encontrado nos candomblés e umbandas do Brasil.

cap 2 Floresta dos símbolos

Florestas de Símbolos 2

Os rituais, em particular os rituais de passagem, possuem um estado liminar em que o novício e colocado fora de qualquer posição social, deve obediência cega a seu instrutor, e é submetido à ação dos símbolos rituais. Este estado liminal, está relacionado também com o conceito de anti-estrutura.

A Floresta dos símbolos – liminaridade Victor Turner

 

domingo, 4 de julho de 2010

Leach, Gluckman e Turner

Prezados leitores do blog, retomamos as atividades com as apresentações dos alunos do Mestrado em Antropologia Social, realizadas durante o curso Rituais e Dramas Sociais. As apresentações não substituem os textos lidos e discutidos durante o curso, mas permitem um primeiro contato com o material discutido. Neste post, a apresentação de Igor e Reigler sobre Leach, Gluckman, e V. Turner.

O artigo de Leach, um dos mais citados, é fundamental, pelo que postarei o mesmo escaneado. Nele trata o ritual como um poderoso aparelho comunicacional e nos convida a quebrar a barreira entre rituais e representações sociais, entre comunicação verbal e não verbal. Assinala o ritual como um mecanismo de comunicação com grande capacidade de síntese, redundância, que consegue passar, por meio de performance, complexos pacotes de informação.

O trabalho de Gluckman, discute a obra ritos de passagem de Van Genep, introduzindo o autor no debate da antropologia social britânica. O ritos de passagem com sua estrutura que contem a ruptura, o período liminal e reagregação com um novo status.  

O trabalho de Turner, sua tese de Doutorado, apresenta a noção de drama social, inspirado na análise de rituais. Turner utiliza os dramas sociais para uma inovadora análise do sistema de parentesco Ndembo, um sistema matrilieal e patrilocal, permeado por tensões, que são analisadas nos diferentes dramas apresentados pelo autor. O trabalho responde às preocupações da época, introduzir a noção de processo, através dos dramas, mostrar às pessoas concretas e não abstratas posições sociais, trazer o material colhido no campo, a etnografia para o texto, como material de análise e não só para confirmar o ponto de vista de um autor omniciênte.

Seminário - Leach, Gluckman e Turner