terça-feira, 15 de dezembro de 2009

27a Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) – Belém - CULTURA, IDENTIDADE E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS ENTRE FRONTEIRAS




Convocatória de resumos para o Grupo de Trabalho:

CULTURA, IDENTIDADE E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS ENTRE FRONTEIRAS


 Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) – Belém
Brasil Plural: Conhecimentos, Saberes Tradicionais e Direitos à Diversidade
01 a 04 de agosto de 2010, Belém - PA

COORDENADORES: CRISTHIAN TEOFILO DA SILVA E GABRIEL OMAR ALVAREZ

DEBATEDORA: MIREYA SUÁREZ
Proposta:
O grupo de trabalho promoverá a discussão comparada e interdisciplinar de resultados de pesquisa sobre relações interétnicas, interculturais, interregionais, internacionais e interestatais a partir das fronteiras, imaginadas ou concretas, do continente americano. Temas relacionados à identidade, etnicidade e nacionalidade serão considerados à luz de práticas identitárias que assumem diversas formas de expressão como estratégias de acomodação ou transformação social, por exemplo: mimetização, intercasamentos, manipulação de identidades, resistência cultural, luta por reconhecimento, mobilização política, conflito, violência etc. Os trabalhos deverão partir do uso das fronteiras como noção para representar o caráter dinâmico de limites simbolicamente produzidos e mantidos entre identidades, ideologias, culturas, cosmologias e temporalidades; ou como lugares concretos de contato, mistura ou diferenciação entre grupos étnicos, estados nacionais, frentes de expansão, blocos econômicos, áreas culturais, ambientes naturais, paisagens etc. O GT compreenderá a "fronteira" como uma categoria analítica para a elucidação de dicotomias operativas de ordenamento, reordenamento e transformação social de culturas e identidades no mundo contemporâneo e como uma categoria do pensamento, que se manifesta de fromas diferentes nos diversos grupos.

O resumo contendo:

1) Título da apresentação
2) Nome do autor, da autora ou dos autores
3) Instituição do autor, da autora ou dos autores. Também será aceita a auto-identificação como "pesquisador independente"
4) E-mail para contato
5) Resumo da comunicação entre 300 e 400 palavras, fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento simples
6) Informar se é: Associado da 
ABA ou se é orientado por Associado da ABA (com nome do orientador)

O resumo deverá ser enviado para: 
cteofilodasilva@gmail.com e gabriel.o.alvarez@gmail.com

Obs: O formato dos resumos poderão ser adequados às indicações da Comissão Organizadora da 27ª RBA. As orientações acima visam apenas acelerar o processo de divulgação do 
GT, de modo a viabilizar o planejamento e participação do maior número de interessados.

A inclusão dos Grupos de Trabalho na programação final dependerá do número de trabalhos inscritos e selecionados para compor sua programação. Os GTs ocorrerão em no máximo três sessões, com cinco apresentações orais por sessão, totalizando 15 propostas. Os Gts que trabalham com temáticas emergentes, que não atinjam número suficiente de participantes para funcionar como um 
GT, poderão – a critério da diretoria da ABA - ser transformados em Fóruns de Pesquisa, devendo ter apenas uma sessão com apresentação de até cinco trabalhos. Para o GT, os estudantes de graduação podem apresentar trabalhos em formato de painéis que serão expostos na sala dos grupos em número de até cinco painéis.
A inscrição de resumos de apresentação oral e painel nos Grupos de Trabalho será aberta, posteriormente, e informada pelo site da
ABA e informativo eletrônico. Os associados da ABA terão prioridade na seleção de trabalhos para os GTs, que deverão ser compostos por, no mínimo, 80% de associados com apresentações orais. A mesma proporção se aplica ao percentual de orientandos de associados na apresentação de paíneis. Para se filiar à ABA, acesse o link “Associe-se” do site www.abant.org.br.
Contamos com a colaboração de todos.

Cristhian Teofilo da Silva
Gabriel Omar Alvarez
Mireya Suárez

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Antropologia Visual

Acaba-se o semestre. Agradeço aos alunos e aos leitores do blog dispersos pelo mundo. A última unidade do curso Método Etnográfico é sobre Antropologia Visual. Segue o link para o texto a ser discutido na aula da terça "Tradição, Política e o Vídeo como Metodologia". Tratá-se do último capítulo do livro Satereria: Tradição e Política (Manaus: Valer). No mesmo discuto o vídeo na pesquisa participante e assinalo seu papel numa antropologia reflexiva, que incorpora as reflexões geradas pela apresentação dos materiais em vídeo ao grupo.  

Alvarez, Gabriel, 2009. "Tradição Política e o Vídeo como Metodologia" in Satereria Tradição e Política Sateré-Mawé. Manaus: Valer Editora

Finalizamos o semestre na UFG e agradeço os mais de 660 acessos, dos alunos e dos leitores ao longo do cyberespaço.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Xamanismo, alucinogenos e perspectivismo: Carlos Castaneda e Eduardo Viveiros de Castro

No nosso último encontro com a turma de antropologia da saúde discutiremos o xamanismo, forma tradicional de cura em diversas culturas, da Sibéria ao Amazonas, com escala no México. Compreender o xamanismo implica levar a serio a cosmologia tradicional dos diversos grupo. Um universo não ocidental, onde a relação entre natureza e cultura se apresenta de forma complexa, e inclui uma outra dimensão, os seres não humanos. Os alucinógenos se apresentam como médio tradicional para aceder a outro ponto de vista, para transformar o xamã, segmentar a consciência e interagir eficazmente com os seres não-humanos.

Abordaremos dois autores. Carlos Castaneda, um antropólogo maldito que se transformou em best-seller e driblou papparazis. Outro Viveiros de Castro, com seu Perspectivismo Amazônico que explora a subjetividade indígena, ontologicamente diferente.

Link com os textos para a aula


Carlos Castaneda, A Erva do Diabo, Record: Rio de Janeiro

A versão em espanhol está melor escaneada

Las enseñansas de Don Juan


Documentário da BBC sobre Carlos Castaneda




Acerca do xamanismo no Amazonas e o perspectivismo indígena

Viveiros de Castro, 2002. "Perspectivismo e multinaturalismo na América Indígena", A inconstância da alma Selvagem, São Paulo: Cosac & Naif .

Para finalizar um texto de Manuela Carneira da Cunha

Carneiro da Cunha, Manuela, 1998. "Pontos de vista sobre a Floresta Amazônica: xamanismo e tradução" in Mana, 4 (1): 7-22.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mercosul Ritual

Na aula de hoje será discutido o artigo Espaço Público Ritual do Mercosul. Uma síntese da minha tese de doutoramento, produto das minhas preocupações com a regionalização e em diálogo com os trabalhos de Gustavo Lins Ribeiro sobre globalização. As hipótese que orientaram esta pesquisa multilocal foram que para entender o Mercosul tinha que centrar minha etnografia nos ideólogos do processo de integração: políticos e diplomatas. O Mercosul, foi hipoteticamente concebido como um espaço público, no sentido habermassiano do termo. A pesquisa empírica mostrou que os rituais, um poderoso aparelho comunicacional banhava de sentido o espaço comunicacional.  




Alvarez, Gabriel O. 2002. “Espaço público ritual do Mercosul”. In: Alejandro Frigerio; Gustavo Lins Ribeiro. (Org.). Argentinos e Brasileiros. Encontros, imagens e estereótipos. Rio de Janeiro: Petrópolis,  p. 135-160.



Mercosul Ritual



Como bibliografia complementar agrego os links para a dissertação de Mestrado onde problematizo o Mercosul como um discurso de verdade, numa perspectiva Foucaultiana e a tese de doutorado na integra.

ALVAREZ, Gabriel Omar. Los Límites de lo Transnacional: brasil y Mercosur. Una aproximación antropológica a los procesos de integración. 1996.




Alvarez, Gabriel Omar, 2000. Mercosul Ritual. Tese de Doutorado. PPGAS/DAN/ICS/UnB.

Eric Wolf e Gustavo Lins Ribeiro

Nas últimas aulas de O Método Etnográfico trabalhamos trabalhamos as abordagens desenvolvidad por Eric Wolf e por Gustavo Lins Ribeiro. Wolf, com seu aporte teórico de influencia marxiana e suas preocupações com a questão nacional, a questão camponesa, e a expansão do capital fixando povos a territórios num sistema mundial segmentado etnicamente e hierarquicamente ordenado. Do Gustavo discutimos três textos que representam momentos diferentes do seu percurso acadêmico. Um deles, "bichos de obra" focaliza nos habitantes dos grandes projetos como uma população transnacional e o efeitos esta dimensão sobre as identidades, a fragmentação e posta em xeque da lógica das identidades. No trabalho "a condição da transnacionalidade" apresenta as mudanças estruturais que permitiram a configuração atual da transnacionalidade, uma aprenssão de um fenômeno desterritorializado que condiciona a sociedade contemporânea. Em Post-imperialismos, um texto que remonta o comopolitismo aos gregos a assinala a existencia histórica de diversas cosmopolíticas. O trabalho assinala uma globalização de mão dupla, por um lado das elites do imperio e por outro uma globalização popular, criada por marinheiros, comerciantes e prostitutas.

Seguem alguns links para trabalhos on-line de Gustavo Lins Ribeiro, inclussive uma entrevista com Eric Wolf

RIBEIRO, Gustavo Lins. Ambientalismo e Desenvolvimento Sustentado. Nova Ideologia/Utopia do Desenvolvimento, 1992. Republicado em Ciência da Informação 21(1): 23-31, jan/abr, 1992. Também emCaderno de Pesquisa do ISER, Rio de Janeiro, 1993.  

RIBEIRO, Gustavo Lins. Ser e Não Ser. Explorando Fragmentos e Paradoxos das Fronteiras da Cultura, 1993. Republicado In Cláudia Fonseca (org.), Fronteiras da Cultura. Horizontes e Territórios da Antropologia na América Latina, pp. 9-21, Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1993.


 RIBEIRO, Gustavo Lins. Imobilização e Dispersão da Força de Trabalho. Considerações sobre os modos de expansão concentrada e difusa. 1994. Republicado em Revista Humanidades, Vol. 41, pp. 24-31. Brasília: EDUnB, 1997. Também em A Questão Energética na Amazônia, pp. 349-359. Belém: UFPa, 1996.


 RIBEIRO, Gustavo Lins. Internet e a Emergência da Comunidade Imaginada Transnacional. 1995. Republicado em Revista Sociedade e Estado, vol. 10, pp. 181-191. Brasília: Departamento de Sociologia da UnB, 1995. Republicado em Anais do 6º Colóquio UERJ - Intersecções: A Materialidade da Comunicação, pp. 119-133, Rio de Janeiro: Imago/EDUERJ, 1998.


 RIBEIRO, Gustavo Lins. Globalización y Transnacionalización: Perspectivas Antropologicas y Latinoamericanas. 1996. Republicado em Maguare - Revista del Departamento de Antropologia, Vol. 11-12, pp. 41-57. Santa Fé de Bogotá: Imprenta Universidad Nacional de Colombia, 1996. 


 RIBEIRO, Gustavo Lins. Cultura, Ideologia, Poder e o Futuro da Antropologia. Conversando com Eric R. Wolf. 1997. Republicado em Mana (4):1, pp. 153-163. Rio de Janeiro: UFRJ, 1998.


 RIBEIRO, Gustavo Lins. A Condição da Transnacionalidade. 1997. Republicado em Revista Brasiliense de Políticas Comparadas, Vol. III n. 1, pp. 117-146, 1999. 


RIBEIRO, Gustavo Lins. Tecnotopia versus Tecnofobia. O Mal-Estar no Século XXI. 1999. Republicado emHumanidades, Vol. 45, pp. 76-87. Brasília: EDUnB, 1999.


RIBEIRO, Gustavo Lins. Post-Imperialismo. Para una discusión después del post-colonialismo y del multiculturalismo. 2000. Republicado em Daniel Mato (Org.) Estudios Latinoamericanos sobre Cultura y Transformaciones Sociales en Tiempos de Globalización. Buenos Aires: CLACSO, 2001. 


RIBEIRO, Gustavo Lins e FELDMAN-BIANCO, Bela. Antropologia e Poder: Contribuições de Eric Wolf. 2003. Republicado em Revista Etnográfica: Revista do Centro de Estudos de Antropologia Social, Vol. VII, n. 2, pp. 245-281, 2003.


RIBEIRO, Gustavo Lins. Antropologias Mundiais: Cosmopolíticas, Poder e Teoria em Antropologia. 2005


RIBEIRO, Gustavo Lins. O Mestiço no Armário e o Triângulo Negro no Atlântico. Para um Multiculturalismo Híbrido. 2006.


RIBEIRO, Gustavo Lins. El Sistema Mundial No-Hegemónico y la Globalización Popular. 2007.


RIBEIRO, Gustavo Lins. Otras Globalizaciones. Procesos y agentes alter-nativos transnacionales. 2009.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Prostitutas Cidadãs

Segue o Link para o texto a ser discutido no curso de Antropologia da Saúde. O mesmo é produto de uma pesquisa realizada nos anos ´90 para o Ministério da Saúde, com trabalho de campo realizado nas cidades de Belém e Fortaleza.


Prostitutas Cidadãs

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Tradições Negras

Com os alunos de Antropologia da Saúde, re-visitamos meu trabalho Tradições Negras Políticas Brancas. O mesmo consiste em um ensaio antropológico-fotográfico onde foram analisados os Quilombos, as Irmandades Negras, Candomblés e Maracatu Nação.

Segue a apresentação de slides que sintetiza o livro.


Tradições Negras e Políticas Brancas

Satereria. Tradição e política Sateré-Mawé



Depois de uma longa espera e um paciente trabalho de editoração está saindo o meu último livro: Satereria, Tradição e política Sateré-Mawé. O mesmo poderá ser adquirido na Editora VALER, www.editoravaler.com.br ou na distribuidora UNILETRAS uniletras@terra.com.br

Como amostra do material, seguem os links para alguns dos capítulos, originalmente publicados na Série Antropologia do PPGAS/DAN/ICS/UnB


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Perspectivismo, rituais e canibalismo

Na discussão do ritual da tucandira entre os Sateré-Mawé surgiu o tema do perspectivismo de Viveiros de Castro e os principais componentes desta perspectiva teórica: a construção dos corpos nos rituais; o parentesco -dravidianato-; a relação entre natureza/cultura/sobrenatural ou bichos/homens/seres-não-humanos; a transformação e a caça como valores centrais das culturas indígenas das terras baixas; o canibalismo.

Este tema, histórico e projetado ao plano mítico nos grupos atuais foi um dos que mobilizaram o interesse  dos alunos de antropologia da saúde. Disponibilizo o video editado a partir do relato e das gravuras de Hans Satden.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Projetos

O projeto é um estilo específico. Tem que ser propositivo, escrito em tempo verbal potencial. Eu faria. Todo projeto tem que dar conta das cinco questões básicas: o que, como, quem, onde e quando. O que é de soma importância, é a construção do problema, o como a metodologia e o quem, onde e quando se referem ao grupo, local de pesquisa período de trabalho de campo e trabalho de gabinete. Se o problema teórico está bem construído, ele resistirá a uma mudança do grupo ou de local de pesquisa. Estas cinco questões básicas, envolvem, cada uma delas, literaturas específicas.
O primeiro passo para a construção de um projeto e a pesquisa bibliográfica. Fazer uma pesquisa de autores que podem ser potencialmente utilizados. Com essas referências bibliográficas em mão, o segundo passo é a sistematização da bibliografia. Agrupas esses diversos autores e escrever parágrafos densos, carregados de referências bibliográficas. Projeto não é local para citação textual. O autor é você e tem que expressar com suas palavras uma síntese do pensamento dos autores, relacioná-los, citá-los como símbolos onde a menção da obra supõe o conhecimento dos conceitos desenvolvidos pelo autor. Agora você é o autor e o problema teórico se constrói em diálogo com outros autores.
Nota de roda-pé. “Se é importante tem que estar no texto, se não é importante, não deve estar”.
O primeiro parágrafo é fundamental. Ele tem que apresentar, de forma sintética, as questões desenvolvidas no texto. É o último a ser escrito, porque supõe o conhecimento do percurso analítico desenvolvido no texto. Por outro lado, lembre, seu texto cairá nas mãos de um avaliador, um leitor cansado, que tem uma pilha de projetos para ler. Você deve cativar o leitor, fisgar sua atenção, fazer com que ele se interesse e se lembre do seu projeto.
Os projetos não costumam ser publicados, muitas vezes porque os resultados costumam ser diferentes que os dados previstos inicialmente, antes de realizar o trabalho de campo. A modo de referência disponibilizo para os alunos um par de projetos realizados. Um deles, sintético, foi o guia da pesquisa com os Sateré-Mawé, o outro foi inicialmente pensado para ser executado na fronteira norte, mas terminou servindo de guia para uma pesquisa na fronteira sul. Quando o problema teórico está bem amarrado, pode mudar o local de pesquisa, o grupo, mas a questão teórico permanece em pé.

Etno-políticas Sateré-Mawé: da moral tradicional à ética transnacional
Brasileiros na Guiana Francesa: migrantes nas fronteiras da União Européia

O macaco, o alucinógeno e o símbolo - Da Matta e Victor Turner

Todo bom antropólogo é também escritor. No caso de Da Matta, soma-se um magnifico senso do humor. O humor é uma das dimensões mais complexas do simbólico. Como a metáfora, o humor envolve diversos pólos de sentido. Quando se entende o humor de outra cultura é porque se conhecem as conexões entre esses pólos de sentido. No caso de Da Matta, ele consegue realizar esse jogo no interior da cultura antropológica. Ontem à noite, procurando material sobre Victor Turner me deparei com esta genial coluna de Da Matta.



Link para a coluna de Da Matta

domingo, 18 de outubro de 2009

Antropologia da saúde - Rituais e construção dos corpos nas sociedades indígenas

As discussões se entrelaçam. As discussões teóricas sobre ritual e as discussões mais centradas nos corpos na antropologia da saúde. A continuação os links para os trabalhos a ser discutidos na próxima aula. Um deles, um clássico da etnografia brasileira, um artigo assinado por Seeger, Da Matta e Viveiros de Castro sobre a noção de pessoa nas sociedades indígenas brasileiras. Uma das idéias centrais do artigo é como as sociedades indígenas constroem os corpos nos rituais, literalmente. O outro trabalho, sobre o ritual da Tucandira, foi produto da minha pesquisa junto aos Sateré-Mawé.
No filme se encontra a explicação de um dos cantos do ritual da Tucandira e se apresenta, de forma sintética o ritual. Na sala de aula analisaremos cantos da origem, cantos da guerra e cantos da guerra contra o branco.

Anthony Seeger, Roberto da Matta, E.B. Viveiros de Castro "A Construção da Pessoa nas Sociedades Indígenas Brasileiras" In: Oliveira Filho, João Pacheco (Org.) Sociedades indígenas e indigenismo no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UERJ: Marco Zero.





quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Victor Turner - A Floresta dos símbolos

Seguem as apresentações dos textos de Victor Turner discutidos na sala de aula. Nestas apresentações uma sintese dos principais temas abordados pelo autor no cap. sobre símbolos rituais e suas características, assim como as notas sobre o capítulo dedicado à liminaridade e suas propriedades simbólicas.

Os símbolos rituais, suas principais características na análise de Victor Turner


A Floresta dos símbolos – Victor Turner


A seguir as notas sobre  liminaridade e as características dos símbolos dominantes nesses períodos do ritual

A Floresta dos símbolos – liminaridade Victor Turner

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Acervo de Bronislaw Malinowski na London School




A London School of Economics and Political Science mantem o arquivo de Malinowski online. Destaque para a pasta Malimowski/S3 que contem um acervo com mais de 1.000 fotografias de Malinowski do período de trabalho de campo nas Trobiands.

Link para o acervo

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A Escola de Manchester

Este grupo de antropólogos, aglutinados em torno da figura de Max Gluckman realizaram importantes críticas ao modelo clássico da antropologia britânica, e realizaram importantes avanços metodológicos. O processo de dês-colonização na África, registrado a partir das pesquisas no Rhodes-Livingstone Institute marcou a perspectiva do grupo. O objeto da antropologia não eram más os nativos isolados ou sistemas tradicionais africanos. A mudança social provocada pelo projeto colonial permeou as preocupações do grupo. Migrações, trabalho assalariado nas cidades, contradições entre normas conflitantes foram temas recorrentes do grupo. Barnes, Mayer e Mitchell transformaram o método genealógico para a análise de redes de relações sociais. As monografias onde os registros etnográficos serviam para ilustrar as idéias do autor deixam lugar ao estudo de casos detalhados (Gluckman), análise de dramas sociais (Turner). Introduz-se a tensão e a contradição como inerentes ao sistema social e se resgata a sociologia marxista para a análise deste novo quadro social. Nessa época a descolonização da África não era um fato isolado. A revolução cubana e a derrota dos americanos em Vietnam impregnavam os sentidos da juventude. Nesses anos os Beatles e os Rolling Stones começavam a sonar na Inglaterra, poucos anos depois eclodiu o maio do `68 na frança.

Mayer - A importância dos quase-grupos

Van Velsen, com seu artigo sobre estudo de caso detalhado sistematiza as críticas à geração anterior de antropólogos e apresenta as inovações metodológicas desenvolvidas pelo grupo.

Van Velsen - A análise situacional

Max Gluckman, com a situação social, apresenta um novo método para trabalhar o material etnográfico. O mesmo deixa de ser um exemplo e passa a ocupar o centro da análise. A inclusão e análise de situações sociais permite, analiticamente falar do contexto mais amplo, das relações entre os grupos e dos valores e motivos contraditórios que os levam a participar dos diferentes eventos. A presença do antropólogo é incorporada no texto, uma vez que se transforma no elo entre os diversos eventos que compõem a situação social.

Gluckman – Análise de uma situação social

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sir E.E. Evans-Pritchard

Um dos mais brilhantes antropólogos da sua geração, publicou varias monografias sobre diferentes grupos e conseguiu amalgamar os ensinamentos dos seus professores, com um toque de ironia e humor britânico. No curso Método etnográfico discutimos seus conselhos sobre o trabalhos de campo e sua definição da antropologia como ciência mas também como a arte da tradução cultural.

"É difícil encontrar o tipo exato de temperamento em união com a capacidade, preparação especial e amor ao estudo cuidadoso, que são os requisitos do bom êxito da investigação. Mas é ainda mais raro que tais condições se combinem também com a penetração imaginativa do artista, que faz falta para interpretar o observado, e a habilidade literária, necessária para traduzir uma cultura estranha para a língua da sua própria cultura."




EP Trabalho de campo e tradição empírica



Segue a apresentação do texto Reminiscências... um clássico que junta conselhos de pesquisa com vivências dos trabalhos de campo. Esta apresentação foi ilustradas com fotos de Evans-Pritchard, disponíveis no acervo do Museu Pitt-Rivers  



Reminiscências



O Antropólogo como fotógrafo


Link para o acervo com as fotografias de Evans-Pritchards. Maravilhosas fotos dos Nuers, Azande e outros grupos com os que trabalhou o autor.







The Nuer - Preview.


Filme educativo de 1970, que apresenta imagens dos Nuers captadas em 1962. Grande destaque para o gado, um dos valores centrais do grupo. Este filme não foi realizado por Evans-Pritchard e tem como propósito trazer imagens histórica. 


Bronislaw Malinowski

Bronislaw Malinowski, ,estudou junto a Seligman. Este jovem estudante de antropologia realizou um trabalho de campo de 4 anos nas Trobiands, em parte obrigado pelo confronto da primeira guerra mundial. Ao seu regresso a Inglaterra, depois da guerra, escreve um dos maiores clássicos da Antropologia: "Os argonautas do Pacífico". O livro, um clássico do trabalho de campo, deixa ver nas entrelinhas que a etnografia, ou método etnográfico, se realiza na monografia. Ele reintroduz motivos românticos na empirista tradição inglesa.


Malinowski


A BBC realizou um filme sobre Malinowski e suas atribulações durante o trabalho de campo. O filme, em inglês, está disponível no link a seguir


sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Antropologia Visual

Actividade de Extensão Universitaria "Olhares etnográficos". Junto com colegas e alunos analisa-mos e discuti-mos diversos filmes, fotografias e meios audiovisuais. Na próxima reunião será exhibido o filme Kinoglaz de Dziga Vertov. Documentarista de início do século XX, que influenciou fortemente o olhar de Jean Rouch.

Acompanhe a programação no link do NEPAA

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A tradição Britânica de Antropologia Social

Com a Expedição ao Estreito de Torres a antropologia britânica realiza uma saudável guinada empírica. Haddon, organizador da expedição, introduz a fotografia e o cinema no registro etnográfico, Rivers, com o método genealógico  visibiliza as redes de relações sociais que ordenavam estas sociedades "primitivas", Seligman se concentra nos intercâmbios comerciais nestas culturas tradicionais.

Rivers, 1969, “ O método genealógico” in Laraia (org) Organização Social. Rio de Janeiro: Zahar.
Tradição Britânica - Expedição ao Estreito de Torres



Os anos dourados da antropologia social britânica estiveram marcados pela presença de dois grandes referentes: Radcliffe-Brown e Malinowksi. O primeiro deles com a idéia da antropologia como uma ciência natural das sociedades e o segundo com o trabalho de campo e a observação participante como requisitos para a moderna antropologia. A partir da tensão entre estes dois autores floresceu a antropologia social britânica, com sua ênfase empírica.

Radcliffe-Brown, com uma perspectiva empirista enfatiza a estrutura social como a "rede de relações sociais realmente existentes". Na perspectiva de Radliffe-Brown, que tinha trabalhado com grupos austrialanos, esta rede de relações sociais estava dada pelas relações de parentesco, que podíam ser visibilizadas com o método genealógico de Rivers. Esta definição de estrutura social como rede será posteriormente explorado pela escola de Manchester, em particular pelos trabalhos de Mayer e Barnes, com seus análise de redes de relações sociais e a aplicação deste método no análise de processos políticos.


Radcliffe Brown A. R. 1973. “Sobre a Estrutura Social” Estrutura e Função na sociedade primitiva. Petrópolis: Editora Vozes





Os Anos Dourados Radcliffe-Brown

Lévi-Strauss

Lévi-Strauss realiza importantes aportes teóricos ao método etnográfico a partir do diálogo com a linguística e a teoria de sistemas. Nascido na Bélgica, formado na França, visita o Brasil onde tem sua primeira experiência etnográfica. Sua estadia nos Estados Unidos, onde escreve sua tese de doutorado, contribui para dar uma nova leitura do material etnográfico. Este novo olhar, estruturalista, marcou à antropologia e outras ciências sociais na segunda metade do século XX. Como última meta-narrativa científica, o estruturalismo está impulsionado pela procura de leis científicas, inspiradas na lingüística e não mas nas ciências naturais.





Lévi Strauss


Suplemento sobre Lévi-Strauss e ''Tristes Trópicos'' [especial Caderno Mais! - FSP]




O Feiticeiro e sua magia, texto discutido na turma de antropologia da saúde. Nele Lévi-Strauss enfatiza, como condição da eficácia, que o paciente, o feiticeiro e o público , participem da mesma tradição cultural, que acreditem profundamente. Os símbolos atuam sobre os corpos, sobre a fisiologia mesmo.


A Olheira Ciumenta é um dos últimos livros produzidos pelo autor. 

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Marcel Mauss

Marcel Mauss foi um autor chave na tradição francesa de antropologia. Ele impulsionou o deslocamento do eixo da etnologia (comparativa), para o trabalho de campo, desenvolvido pelos seus alunos e discípulos.

Bibliografia obrigatória

Cardoso de Oliveira, R. 1988. Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. Cap.2.As categorias do entendimento na antropologia.

Marcel Mauss. 2003. “Uma categoria do Espírito Humano: a noção de pessoa, a de Eu”. In Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify.



Link para apresentação



Marcel Mauss

Franz Boas, o método Histórico Cultural

Franz Boas, fundador da tradição da Antropologia Cultural americana, define seu método a partir da noção de cultura, inspirada no romantismo alemão. Para ele, as culturas eram ao mesmo tempo unidades naturais, delimitáveis e que podiam ser apreendidas empiricamente, como eram também a manifestação do espírito de um povo.

Bibliografia obrigatória

Stocking, (org), 2004. “Introdução, Os presupostos básicos da Antropologia de Boas (pp 15-38)”. Franz Boas, A formação da Antropologia Americana. Rio de Janeiro: Contraponto, Editora UFRJ.

Boas, F. “As Limitações do método comparativo da antropologia (1896)” In Castro, Celso (org.), 2004. Franz Boas, Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.

Boas, F. “Os métodos da etnologia (1920)”. In Castro, Celso (org.), 2004. Franz Boas, Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.



Franz Boas


Boas realizou seu primeiro trabalho de campo com os Inuit (esquimó). Depois de instalado nos Estados Unidos, realizou trabalho de campo junto ao Kwakiutl, sociedade indígena da costa Noroeste dos Estados Unidos. O potlach, grande ritual de apresentação das máscaras ancestrais e de dádivas que envolvem a todo o grupo, em um desafio intertribal. O potlach, registrado magistralmente por Boas, está na base da explicação da dádiva como origem do vínculo social, desenvolvida por Marcel Mauss.

Clipe com danças Kwakiutl de 1951








Margared Mead
Filme da BBC sobre Margared Mead, uma das mais destacadas discípulas de Boas. Como autora seus livros foram um êxito de vendas e contribuíram para imprimir à antropologia americana caráter de crítica cultural. Seu relato sobre a liberdade sexual das adolescentes em Samoa se apresentou como um argumento eficaz para o movimento feminista americano. Uma época em que a liberdade sexual na América tinha a pílula anticoncepcional e a abolição dos soutiens como principais bandeiras. A antropologia americana começa a entrelaçar-se com os movimentos sociais: o movimento feminista, o movimento negro, movimento indígenas e outras minorias.



Programa da disciplina

O objetivo do curso é oferecer ao aluno o aceso aos métodos e técnicas desenvolvidos pela antropologia para possibilitar sua inserção profissional como antropólogo. O curso se desenvolverá mediante aulas presenciais teórico-práticas. Nas mesmas se realizaram análise apresentação e discussão de textos assim como a realização de atividades práticas. A avaliação será realizada por médio da realização de trabalhos práticos, individuais e grupais assim como a participação em seminários e a discussão em sala de aula. A perspectiva do curso considera a disciplina como uma tradição académica plural, apresentada por Cardoso de oliveira na forma de uma matriz disciplinar, com espaço de tensão e comunicação entre as diferentes tradições em antropologia social. No primeiro capítulo de O Pensamento Antropológico Roberto Cardoso de Oliveira apresentou esta perspectiva interpretativa.