quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Projetos

O projeto é um estilo específico. Tem que ser propositivo, escrito em tempo verbal potencial. Eu faria. Todo projeto tem que dar conta das cinco questões básicas: o que, como, quem, onde e quando. O que é de soma importância, é a construção do problema, o como a metodologia e o quem, onde e quando se referem ao grupo, local de pesquisa período de trabalho de campo e trabalho de gabinete. Se o problema teórico está bem construído, ele resistirá a uma mudança do grupo ou de local de pesquisa. Estas cinco questões básicas, envolvem, cada uma delas, literaturas específicas.
O primeiro passo para a construção de um projeto e a pesquisa bibliográfica. Fazer uma pesquisa de autores que podem ser potencialmente utilizados. Com essas referências bibliográficas em mão, o segundo passo é a sistematização da bibliografia. Agrupas esses diversos autores e escrever parágrafos densos, carregados de referências bibliográficas. Projeto não é local para citação textual. O autor é você e tem que expressar com suas palavras uma síntese do pensamento dos autores, relacioná-los, citá-los como símbolos onde a menção da obra supõe o conhecimento dos conceitos desenvolvidos pelo autor. Agora você é o autor e o problema teórico se constrói em diálogo com outros autores.
Nota de roda-pé. “Se é importante tem que estar no texto, se não é importante, não deve estar”.
O primeiro parágrafo é fundamental. Ele tem que apresentar, de forma sintética, as questões desenvolvidas no texto. É o último a ser escrito, porque supõe o conhecimento do percurso analítico desenvolvido no texto. Por outro lado, lembre, seu texto cairá nas mãos de um avaliador, um leitor cansado, que tem uma pilha de projetos para ler. Você deve cativar o leitor, fisgar sua atenção, fazer com que ele se interesse e se lembre do seu projeto.
Os projetos não costumam ser publicados, muitas vezes porque os resultados costumam ser diferentes que os dados previstos inicialmente, antes de realizar o trabalho de campo. A modo de referência disponibilizo para os alunos um par de projetos realizados. Um deles, sintético, foi o guia da pesquisa com os Sateré-Mawé, o outro foi inicialmente pensado para ser executado na fronteira norte, mas terminou servindo de guia para uma pesquisa na fronteira sul. Quando o problema teórico está bem amarrado, pode mudar o local de pesquisa, o grupo, mas a questão teórico permanece em pé.

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