quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A Escola de Manchester

Este grupo de antropólogos, aglutinados em torno da figura de Max Gluckman realizaram importantes críticas ao modelo clássico da antropologia britânica, e realizaram importantes avanços metodológicos. O processo de dês-colonização na África, registrado a partir das pesquisas no Rhodes-Livingstone Institute marcou a perspectiva do grupo. O objeto da antropologia não eram más os nativos isolados ou sistemas tradicionais africanos. A mudança social provocada pelo projeto colonial permeou as preocupações do grupo. Migrações, trabalho assalariado nas cidades, contradições entre normas conflitantes foram temas recorrentes do grupo. Barnes, Mayer e Mitchell transformaram o método genealógico para a análise de redes de relações sociais. As monografias onde os registros etnográficos serviam para ilustrar as idéias do autor deixam lugar ao estudo de casos detalhados (Gluckman), análise de dramas sociais (Turner). Introduz-se a tensão e a contradição como inerentes ao sistema social e se resgata a sociologia marxista para a análise deste novo quadro social. Nessa época a descolonização da África não era um fato isolado. A revolução cubana e a derrota dos americanos em Vietnam impregnavam os sentidos da juventude. Nesses anos os Beatles e os Rolling Stones começavam a sonar na Inglaterra, poucos anos depois eclodiu o maio do `68 na frança.

Mayer - A importância dos quase-grupos

Van Velsen, com seu artigo sobre estudo de caso detalhado sistematiza as críticas à geração anterior de antropólogos e apresenta as inovações metodológicas desenvolvidas pelo grupo.

Van Velsen - A análise situacional

Max Gluckman, com a situação social, apresenta um novo método para trabalhar o material etnográfico. O mesmo deixa de ser um exemplo e passa a ocupar o centro da análise. A inclusão e análise de situações sociais permite, analiticamente falar do contexto mais amplo, das relações entre os grupos e dos valores e motivos contraditórios que os levam a participar dos diferentes eventos. A presença do antropólogo é incorporada no texto, uma vez que se transforma no elo entre os diversos eventos que compõem a situação social.

Gluckman – Análise de uma situação social

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sir E.E. Evans-Pritchard

Um dos mais brilhantes antropólogos da sua geração, publicou varias monografias sobre diferentes grupos e conseguiu amalgamar os ensinamentos dos seus professores, com um toque de ironia e humor britânico. No curso Método etnográfico discutimos seus conselhos sobre o trabalhos de campo e sua definição da antropologia como ciência mas também como a arte da tradução cultural.

"É difícil encontrar o tipo exato de temperamento em união com a capacidade, preparação especial e amor ao estudo cuidadoso, que são os requisitos do bom êxito da investigação. Mas é ainda mais raro que tais condições se combinem também com a penetração imaginativa do artista, que faz falta para interpretar o observado, e a habilidade literária, necessária para traduzir uma cultura estranha para a língua da sua própria cultura."




EP Trabalho de campo e tradição empírica



Segue a apresentação do texto Reminiscências... um clássico que junta conselhos de pesquisa com vivências dos trabalhos de campo. Esta apresentação foi ilustradas com fotos de Evans-Pritchard, disponíveis no acervo do Museu Pitt-Rivers  



Reminiscências



O Antropólogo como fotógrafo


Link para o acervo com as fotografias de Evans-Pritchards. Maravilhosas fotos dos Nuers, Azande e outros grupos com os que trabalhou o autor.







The Nuer - Preview.


Filme educativo de 1970, que apresenta imagens dos Nuers captadas em 1962. Grande destaque para o gado, um dos valores centrais do grupo. Este filme não foi realizado por Evans-Pritchard e tem como propósito trazer imagens histórica. 


Bronislaw Malinowski

Bronislaw Malinowski, ,estudou junto a Seligman. Este jovem estudante de antropologia realizou um trabalho de campo de 4 anos nas Trobiands, em parte obrigado pelo confronto da primeira guerra mundial. Ao seu regresso a Inglaterra, depois da guerra, escreve um dos maiores clássicos da Antropologia: "Os argonautas do Pacífico". O livro, um clássico do trabalho de campo, deixa ver nas entrelinhas que a etnografia, ou método etnográfico, se realiza na monografia. Ele reintroduz motivos românticos na empirista tradição inglesa.


Malinowski


A BBC realizou um filme sobre Malinowski e suas atribulações durante o trabalho de campo. O filme, em inglês, está disponível no link a seguir


sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Antropologia Visual

Actividade de Extensão Universitaria "Olhares etnográficos". Junto com colegas e alunos analisa-mos e discuti-mos diversos filmes, fotografias e meios audiovisuais. Na próxima reunião será exhibido o filme Kinoglaz de Dziga Vertov. Documentarista de início do século XX, que influenciou fortemente o olhar de Jean Rouch.

Acompanhe a programação no link do NEPAA

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A tradição Britânica de Antropologia Social

Com a Expedição ao Estreito de Torres a antropologia britânica realiza uma saudável guinada empírica. Haddon, organizador da expedição, introduz a fotografia e o cinema no registro etnográfico, Rivers, com o método genealógico  visibiliza as redes de relações sociais que ordenavam estas sociedades "primitivas", Seligman se concentra nos intercâmbios comerciais nestas culturas tradicionais.

Rivers, 1969, “ O método genealógico” in Laraia (org) Organização Social. Rio de Janeiro: Zahar.
Tradição Britânica - Expedição ao Estreito de Torres



Os anos dourados da antropologia social britânica estiveram marcados pela presença de dois grandes referentes: Radcliffe-Brown e Malinowksi. O primeiro deles com a idéia da antropologia como uma ciência natural das sociedades e o segundo com o trabalho de campo e a observação participante como requisitos para a moderna antropologia. A partir da tensão entre estes dois autores floresceu a antropologia social britânica, com sua ênfase empírica.

Radcliffe-Brown, com uma perspectiva empirista enfatiza a estrutura social como a "rede de relações sociais realmente existentes". Na perspectiva de Radliffe-Brown, que tinha trabalhado com grupos austrialanos, esta rede de relações sociais estava dada pelas relações de parentesco, que podíam ser visibilizadas com o método genealógico de Rivers. Esta definição de estrutura social como rede será posteriormente explorado pela escola de Manchester, em particular pelos trabalhos de Mayer e Barnes, com seus análise de redes de relações sociais e a aplicação deste método no análise de processos políticos.


Radcliffe Brown A. R. 1973. “Sobre a Estrutura Social” Estrutura e Função na sociedade primitiva. Petrópolis: Editora Vozes





Os Anos Dourados Radcliffe-Brown

Lévi-Strauss

Lévi-Strauss realiza importantes aportes teóricos ao método etnográfico a partir do diálogo com a linguística e a teoria de sistemas. Nascido na Bélgica, formado na França, visita o Brasil onde tem sua primeira experiência etnográfica. Sua estadia nos Estados Unidos, onde escreve sua tese de doutorado, contribui para dar uma nova leitura do material etnográfico. Este novo olhar, estruturalista, marcou à antropologia e outras ciências sociais na segunda metade do século XX. Como última meta-narrativa científica, o estruturalismo está impulsionado pela procura de leis científicas, inspiradas na lingüística e não mas nas ciências naturais.





Lévi Strauss


Suplemento sobre Lévi-Strauss e ''Tristes Trópicos'' [especial Caderno Mais! - FSP]




O Feiticeiro e sua magia, texto discutido na turma de antropologia da saúde. Nele Lévi-Strauss enfatiza, como condição da eficácia, que o paciente, o feiticeiro e o público , participem da mesma tradição cultural, que acreditem profundamente. Os símbolos atuam sobre os corpos, sobre a fisiologia mesmo.


A Olheira Ciumenta é um dos últimos livros produzidos pelo autor.